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Um estudo revela que fazer artesanato pode ser tão benéfico para a saúde quanto ter um emprego. Atividades criativas, como tricô, pintura e outras formas de arte manual, ajudam a reduzir o estresse, aumentam o bem-estar e proporcionam um senso de propósit
Ao entrar na casa da minha avó, vejo suas mãos ágeis trabalhando na tecelagem, enquanto os pontos de lã se formam em suas agulhas de tricô. Perto dela, estão pilhas de cobertores, cachecóis e ponchos, todos meticulosamente feitos com combinações de cores bem pensadas. Ela costuma doar essas peças para hospitais infantis e lares adotivos, sempre envolvida em algum tipo de arte ou artesanato, como tricô, pintura ou, mais recentemente, trabalhos com pedras preciosas. Essas atividades proporcionam a ela um profundo senso de satisfação e propósito.
Esse amor pelo artesanato se espalhou por toda a minha família. Minha mãe, após os filhos saírem de casa, se envolveu em teatro comunitário e aprendeu a técnica de pintura fluida. Meu primo mais novo se dedica à fotografia da natureza, enquanto meu tio apresenta um podcast de comédia. Meu irmão gêmeo e eu cantamos na faculdade, o que nos ajudou a equilibrar o estresse acadêmico. Sabíamos que isso nos fazia bem, e as pesquisas confirmam: atividades artísticas reduzem os níveis de cortisol, o hormônio relacionado ao estresse.
De acordo com Helen Keyes, psicóloga cognitiva da Universidade Anglia Ruskin, artes e ofícios são acessíveis e envolventes, exigindo poucos recursos e oferecendo uma forma criativa de relaxamento. Um estudo recente liderado por Keyes mostrou que atividades criativas podem melhorar significativamente o bem-estar, proporcionando um meio de expressão e realização pessoal.
Embora muitos estudos já tenham demonstrado os benefícios terapêuticos da arte para pessoas com condições de saúde mental, a pesquisa de Keyes focou na população em geral, analisando como essas atividades podem contribuir para o bem-estar e ajudar a combater a solidão no cotidiano.
Utilizando dados de uma grande pesquisa no Reino Unido, realizada entre 2019 e 2020, os pesquisadores examinaram como as atividades criativas impactam a satisfação com a vida, controlando fatores como gênero, idade, saúde e status de emprego. A análise foi baseada em uma amostra de 7.182 participantes, todos residentes na Inglaterra.
Cerca de 37% dos entrevistados confirmaram que participaram de alguma atividade artesanal no último ano. O estudo revelou que aqueles que se dedicavam a essas atividades relatavam maior felicidade, satisfação com a vida e uma sensação mais forte de que suas vidas tinham propósito. No entanto, as artes e ofícios não mostraram um impacto significativo na redução da ansiedade ou da solidão, sugerindo que mais estudos são necessários para explorar os aspectos sociais dessas atividades.
Frank Clark, psiquiatra da Prisma Health e também poeta, comentou que qualquer forma de arte pode beneficiar a saúde mental, aumentando a autoestima, reduzindo a ansiedade e estimulando a criatividade.
Os pesquisadores sugerem que governos e sistemas de saúde pública deveriam considerar apoiar e promover atividades criativas, talvez até prescrevendo-as para populações de risco como parte de uma abordagem preventiva de saúde mental e bem-estar.
Atividades manuais oferecem uma sensação de realização ao ver o progresso do que é criado. Se você não se considera criativo, Clark sugere reformular sua mentalidade para ser mais otimista sobre suas capacidades, não ter medo de experimentar novas atividades, conectar-se com pessoas envolvidas em processos criativos e lembrar-se do que gostava de fazer quando criança.
Uma opção simples e barata para começar é colorir. Embora muitas vezes associado a crianças, colorir também pode ser uma atividade relaxante e gratificante para adultos, ajudando a melhorar a concentração e a estimular a criatividade.
A criatividade tem o poder de promover resiliência e proporcionar um profundo senso de significado e propósito. Como Clark afirma, é uma ferramenta poderosa de transformação, capaz de nos ajudar a encontrar equilíbrio e satisfação na vida.
